A parentalidade é um processo que envolve tomar as melhores decisões possíveis com o que sabemos no momento e, depois, revisar essas decisões quando percebemos resultados negativos ou recebemos novas informações. Não existe fórmula mágica em termos de criação dos filhos, e o tempo de tela não é exceção. Embora permitir que as crianças acessem telas possa proporcionar valor educacional, conexão social e entretenimento, também pode resultar em uso excessivo, o que afeta a saúde e o bem-estar das crianças.
Quando o tempo de tela se torna excessivo
Se você perceber que o tempo de tela do seu filho está fora de controle, pode sentir a necessidade de apertar as rédeas. No entanto, revisar as regras de tempo de tela (especialmente se você tem sido mais tolerante) pode levar a resistência, reações emocionais e embates. Se você está com vontade de desistir e simplesmente permitir que o status quo continue, quero encorajá-lo a seguir em frente e fazer mudanças nas regras e limites de tempo de tela em sua casa. O segredo é entender como implementar essas mudanças de forma eficaz, apoiando seu filho durante o processo. Nunca é tarde para definir novas expectativas para promover o bem-estar do seu filho em relação aos dispositivos.
Neste artigo, veremos estratégias para você voltar atrás em regras mais brandas sobre o tempo de tela, lidar com frustrações e reclamações em diferentes estágios de desenvolvimento e ajudar seu filho a processar suas emoções. Ao fazer isso, você criará limites mais saudáveis em relação ao tempo de tela sem gerar conflitos desnecessários.
Etapa 1: Reconheça as emoções do seu filho
Antes de implementar qualquer mudança, é essencial se preparar para as reações emocionais do seu filho. A ideia de perder repentinamente o acesso aos dispositivos ou ver seu tempo de tela reduzido pode ocasionar sentimentos de frustração, confusão, ressentimento e até raiva. Essas respostas emocionais são normais e, como pais, precisamos ser empáticos e solidários ao fazermos mudanças nas regras. Uma preparação mental e emocional para a resistência do seu filho ajuda você a se manter firme e seguir em frente.
Quando seu filho expressar resistência, reconheça os sentimentos dele primeiro. Por exemplo, se o seu filho disser “Isso não é justo! Você não pode simplesmente mudar as regras!”, você pode responder algo como “Eu entendo que parece injusto e é frustrante quando as coisas mudam. Sei que você gosta do seu tempo de tela, mas também me importo com sua saúde e bem-estar, e é por isso que precisamos fazer alguns ajustes”. Comunique o que você está observando nele, ou as novas informações que aprendeu que estão levando às mudanças. Ele precisa saber o “porquê”, mesmo que provavelmente não concorde.
O objetivo é dar espaço para que seu filho se sinta ouvido, ao mesmo tempo em que reforça o motivo por trás das mudanças nas regras. Ao fazer isso, você reduz a probabilidade das reações emocionais dele se transformarem em mais conflitos.
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Etapa 2: Implemente ajustes adequados à idade e trate as objeções
Depois de abordar o assunto e permitir que seu filho expresse suas emoções, você deve considerar como revisar as regras de tempo de tela em diferentes idades. Embora a abordagem básica permaneça a mesma – ser claro sobre seus objetivos e dar aos filhos um senso de autonomia – crianças de diferentes idades terão objeções e respostas únicas aos novos limites.
Crianças pequenas (de 2 a 5 anos)
Nessa idade, o tempo de tela das crianças deve ser limitado, mas elas podem ainda não compreender completamente o conceito de restrições. Se o tempo de tela já faz parte da rotina delas, você pode perceber a oposição quando ele é reduzido repentinamente. Objeção comuns costumam ser “Não quero parar de assistir!” ou “Quero o iPad!”
Como reagir: mantenha a explicação curta e simples. “Vamos brincar um pouco e depois fazer outra coisa. Você pode usar o tablet depois que terminarmos de ler uma história, mas depois disso é hora de brincar lá fora”. Oferecer a opção de escolher entre duas atividades (ambas aceitáveis para você) pode empoderar seu filho a se sentir no controle. Por exemplo, “Você pode brincar lá fora ou montar um quebra-cabeça, e terá outra sessão de tempo de tela amanhã”.
É importante ser consistente com as regras e não ceder a explosões emocionais. Se o seu filho chorar ou fizer birra, mantenha a calma e ofereça apoio, mas respeite seus limites. Você pode demonstrar empatia dizendo algo como “Sei que você está chateado. É difícil quando precisamos interromper algo divertido, mas vamos fazer outra coisa agora”.
Crianças em idade escolar (de 6 a 12 anos)
Assim que as crianças entram na escola, desenvolvem um senso de independência, e o tempo de tela pode se tornar mais vinculado a seu mundo social. Elas gostam de se conectar com amigos on-line ou assistir a programas e discuti-los com os colegas. Quando você começa a restringir o tempo de tela, elas podem argumentar “Mas todos os meus amigos estão jogando isso!” ou “Preciso assistir ao novo episódio do meu programa favorito hoje de noite!”
Como reagir: valide os sentimentos delas reconhecendo a importância dos amigos e dos interesses. “Entendo que seus amigos jogam isso e assistem àquele programa, e é difícil ficar de fora. Mas você pode passar um tempo com seus amigos amanhã. Agora, vamos dar um tempo das telas”.
Oferecer uma atividade alternativa também pode ajudar a facilitar a transição. Por exemplo, “Sei que você adora jogos, mas vamos dar um tempo agora. Depois do jantar podemos aproveitar um jogo de tabuleiro em família.” Oferecer opções envolventes e sem telas estimula seu filho a ver outras atividades como diversão, não como um castigo.
Você também pode informar a seu filho que os limites são um teste e parte de uma rotina saudável. “Sei que é difícil limitar o tempo de tela, mas vamos testar esta semana para ver como funciona. Conversaremos de novo na semana que vem para ver como está indo”. Isso ajuda seu filho a saber que você está aberto a revisitar as regras ao longo do tempo, dependendo dos resultados para eles e para a família.
Adolescentes (maiores de 13 anos)
Os adolescentes costumam ser os mais resistentes a mudanças nos limites de tempo de tela, especialmente se sentirem que isso limita sua independência. Quando você tenta reduzir o tempo de tela deles, objeções comuns podem ser “Você está me tratando como uma criança!” ou “Você não entende o quanto isso é importante para mim!”
Como reagir: é aqui que a comunicação aberta e honesta é fundamental. Em vez de simplesmente impor regras, explique seu raciocínio e convide seu filho adolescente a participar da conversa. “Entendo que você está mais velho e é mais responsável com seu uso de tela. No entanto, estou preocupado com o tempo que passa nos seus dispositivos. Isso está afetando seu sono, seu humor e o tempo que você passa com amigos e familiares”.
Use essas discussões para ajudar seu filho adolescente a identificar áreas que ele pode administrar melhor. Por exemplo, “Como você se sente em relação a usar o celular apenas em determinados horários do dia? Talvez você possa começar a guardá-lo durante o jantar em família ou uma hora antes de dormir para que todos possamos relaxar”.
Outra maneira de abordar a questão é dar a seu filho adolescente um pouco de espaço em relação às regras. “Sei que você valoriza suas conexões sociais, então vamos trabalhar juntos para definir alguns limites. Quanto tempo de tela você acha justo e quando estaria disposto a desligar os dispositivos para fazer outras atividades?”
Se o seu filho adolescente argumentar que tem muita lição de casa ou compromissos extracurriculares, lembre-o da necessidade de equilíbrio. “Sei que você está ocupado com a escola e outras atividades. É por isso que estamos limitando o tempo de tela: para dar a você mais espaço para se concentrar nessas coisas, enquanto também permite que você relaxe sem distrações”.
Independentemente da idade do seu filho, o importante aqui é saber que ele vai ficar insatisfeito com as mudanças. Ele não precisa entender ou concordar totalmente com suas ideias e decisões para que você prossiga com as mudanças..
Etapa 3: mantenha a consistência e ofereça reforço positivo
Um dos maiores desafios que os pais enfrentam ao revisar as regras de tempo de tela é se ater aos novos limites. É fácil ceder e voltar aos velhos hábitos, especialmente quando as emoções estão à flor da pele. A consistência é essencial, não importa o quanto seu filho resista. Quando você deixa as regras claras e as segue, seu filho acaba se adaptando. A desregulamentação extrema ao limitar o uso de dispositivos é um sinal importante de que você precisa seguir em frente, pois ele provavelmente desenvolveu uma dependência prejudicial de seus dispositivos e mídias digitais.
Também é útil oferecer reforço positivo quando seu filho obedece aos novos limites. Por exemplo, você pode dizer “Estou muito orgulhoso de como você lidou com o seu tempo de tela hoje. Adorei como você se divertiu com seus amigos lá fora!” Reforçar o comportamento positivo fortalece a capacidade do seu filho de fazer boas escolhas por conta própria. Apontar os pontos positivos que você observa em áreas como estar mais focado nas tarefas escolares, dormir mais facilmente à noite ou simplesmente ser mais agradável em geral também o ajuda a compreender a relação entre as mudanças nas regras dos dispositivos e como ele está se sentindo e funcionando.
Saiba que você está fazendo a coisa certa
Rever os limites de tempo de tela do seu filho nunca é fácil, especialmente quando você está revertendo regras que já existem há algum tempo. As crianças expressam frustração, resistência ou até mesmo ressentimento. Ao reconhecer suas emoções, manter uma comunicação aberta e implementar estratégias adequadas à idade, você pode orientá-las para hábitos mais saudáveis de tempo de tela.
Lembre-se de que esse processo visa criar equilíbrio, não punição. Ajude-se a gerenciar novas expectativas e regras usando uma opção de controle parental como o Qustodio para definir limites de tempo, restringir conteúdo impróprio e muito mais. Com consistência na aplicação das regras, seu filho aprenderá a gerenciar o tempo de tela de uma forma que contribua para o seu bem-estar geral.