É maravilhoso viver em um mundo onde temos tanta informação na ponta dos dedos. Isso também cria problemas reais, especialmente para pessoas que não sabem pensar criticamente sobre as informações que consomem.
Há mais informações chegando a nossos filhos do que nunca. Algumas são precisas, muitas enganosas e outras completamente erradas. Eles, como nós, estão lidando com essa questão em mais do que apenas feeds de mídia social. De mensagens e vídeos encaminhados a tarefas escolares e conversas casuais, a desinformação abrange todos os aspectos da vida.
Como psicóloga e mãe, sempre enfatizei a importância de ajudar as crianças a desenvolver resiliência mental e habilidades de pensamento, tanto on-line quanto off-line. Ensiná-las a pensar criticamente é uma das ferramentas mais poderosas que os pais podem oferecer e estabelece uma forte rede de segurança à medida que entram em um futuro digital repleto de mídias sociais, IA e outros desafios.
Por que o pensamento crítico é essencial
Neste ponto, acho que todos reconhecemos que as mídias sociais costumam ser o palco mais visível para a desinformação. De vídeos com aparência real e atraentes a conteúdo escrito, é necessário analisar minuciosamente tanto o criador quanto a mensagem para determinar o que é verídico e o que não é.
Mas as crianças também se deparam com alegações enganosas via anúncios, notícias e colegas desinformados. O pensamento crítico, que consiste simplesmente em analisar informações para formar um julgamento sólido, permite que elas parem e examinem as informações para determinar o que pode ser verdade, qual o propósito da informação e como desejam prosseguir. Este é um desafio para todos nós — especialmente crianças e adolescentes.
Pesquisas mostram que quanto mais tempo as crianças passam em dispositivos e mídias digitais, mais suas habilidades de raciocínio são impactadas negativamente. Um relatório recente das Nações Unidas identifica os graves problemas relacionados a desinformação e crianças, apelando a governos, empresas de tecnologia e pais para que os resolvam. Para os pais, o relatório enfatiza especificamente a importância de ensinar e modelar habilidades de pensamento crítico para abordar essa questão e apoiar o bem-estar dos pequenos.
O valor do pensamento crítico não reside em proteger nossos filhos de toda inverdade (o que é impossível de qualquer forma), mas em desenvolver neles a capacidade de perguntar:
- Quem está por trás dessa mensagem?
- O que posso ganhar se eu acreditar nesse conteúdo ou compartilhar?
- Como posso verificar se é verdade?
Não se trata apenas de “checagem de fatos”, mas de desenvolver habilidades de aprendizagem ao longo da vida para avaliar informações em ambientes virtuais e reais. É a base para ensinar as crianças a pensar por si mesmas e não se deixar levar pelo que todo mundo está fazendo. Seja ensinando as crianças a identificar notícias falsas, ajudando-as a evitar golpes on-line ou simplesmente oferecendo auxílio para que se sintam melhor com o conteúdo que estão consumindo, há poder em ensiná-las a usar perguntas abertas e a formar hábitos como “pensar antes de compartilhar” para identificar e combater a disseminação de desinformação.
![2025-09 [Blog] Navigating misinformation_InsideImage Father teaching son about critical thinking](https://static.qustodio.com/public-site/uploads/2025/09/17085959/2025-09-Blog-Navigating-misinformation_InsideImage.png)
Estratégias práticas para pais ajudarem as crianças a desenvolver o pensamento crítico
Você provavelmente está se perguntando como pode fortalecer as habilidades de pensamento crítico do seu filho para ajudá-lo a pensar por si mesmo. Leia a seguir algumas dicas práticas que podem ser usadas e adaptadas para crianças de todas as idades.
1. Comece com a conscientização
O primeiro passo é garantir que seu filho saiba que nem tudo o que vê ou ouve (on-line ou off-line) é verdade. A conscientização é o primeiro passo para o questionamento. Ele precisa saber que só porque algo foi escrito, compartilhado nas redes sociais ou dito por um amigo não significa que seja verdade.
2. Normalize o questionamento
Quando receber informações, incentive seu filho a fazer perguntas como:
- “Quem fez este vídeo/escreveu este artigo?”
- “O que essa pessoa deseja que eu sinta ou faça?”
- “Será que falta alguma informação?”
- “Há outras informações que contradizem isso?”
Perguntas amplas abrem a porta para uma reflexão mais profunda. Exemplifique o processo para seu filho, conversando sobre como se faz perguntas e se pensa sobre coisas que lemos ou ouvimos.
3. Pratique a verificação da fonte em conjunto
Quando uma postagem, vídeo ou anúncio parecer inacreditável, ensine seu filho a percorrer algumas etapas de verificação. Oriente-o a analisar a credibilidade do site, a autoria, o tom, as imagens e outras fontes de notícias.
4. Use exemplos reais como momentos de aprendizado
Uma manchete, um meme encaminhado ou um anúncio sensacionalista podem ser um ponto de partida para uma conversa. Pergunte: “Por que esta mensagem pode viralizar?” ou “Está faltando alguma coisa aqui?” Esses momentos cotidianos transformam o aprendizado em hábitos práticos. O jantar em família pode ser um ótimo momento para isso.
5. Incentive a tomada de perspectiva
Quando seu filho é exposto a conteúdo sensacionalista (especialmente se for conspiratório ou destinada a gerar medo), convide-o a imaginar pontos de vista alternativos. Isso cria empatia e ajuda que ele considere contextos mais amplos.
6. Modele o questionamento reflexivo
Deixe seu filho ouvir suas reações às informações:
- “Isso parece tendencioso. Vamos ver se fontes confiáveis dizem a mesma coisa.”
- “Isso parece sensacionalista. Talvez tenha a intenção de gerar cliques.”
Esse modelo mostra o pensamento crítico como um hábito diário.
Criar filhos que pensam por si mesmos em uma era de desinformação envolve mais do que apenas monitorar o conteúdo, embora isso seja importante. Trata-se de incorporar hábitos de curiosidade, reflexão e questionamento na forma como interpretam informações e afirmações. Isso os ajuda a se manterem seguros on-line e os equipa com os tipos de habilidades de pensamento crítico e independente de que precisam para uma vida adulta produtiva. Ensiná-los a simplesmente parar e perguntar: “quem, por que e como eu sei” os prepara para pensar melhor e tomar decisões mais informadas tanto na internet quanto no mundo real.