A internet mudou a forma como consumimos notícias. Os dias em que podíamos ler um artigo interessante e seguir em frente ficaram no passado. Agora, podemos encaminhar a história para centenas de pessoas no WhatsApp, fazer um comentário no YouTube ou até mesmo tuitar nossa própria versão da história e nossas impressões a respeito.
Mas com esse aumento no acesso às notícias surgem grandes ondas de desinformação: notícias falsas em escala gigantesca, muitas vezes se disseminando mais rápido e com maior alcance do que a verdade. Agora, chegou ao ponto em que ser capaz de dizer o que é real e o que é falso na internet pode demandar um pouco de esforço — então como podemos fazer isso e, assim, ajudar nossos filhos a identificar notícias falsas on-line?
O que causou o surgimento das notícias falsas?
O desafio da desinformação não é novo, mas tem sido um motivo crescente de preocupação, impulsionado pelo surgimento da tecnologia.
Uma pesquisa da Reuters revelou que mais da metade dos brasileiros declaram confiar mais nas notícias do Google e do WhatsApp do que na imprensa – uma fonte que normalmente não está sujeita às mesmas regras de conteúdo da TV, rádio, mídia impressa e outros meios de comunicação tradicionais.
Nas redes sociais, notícias e informações muitas vezes podem se desviar do fato para a opinião, e os dois passam a ser vistos como um só. E em um mundo onde buscamos proteger a liberdade de expressão, a censura de opiniões infundadas pode ser um desafio.
Por que espalhar notícias falsas?
Notícias falsas podem se espalhar como uma forma de disfarce ou desinformação (informações falsas espalhadas deliberadamente para fazer as pessoas acreditarem em algo diferente). Existem muitas razões pelas quais um indivíduo ou empresa pode querer espalhar notícias falsas, incluindo:
- Gerar mais tráfego do site (cliques no artigo ou no site)
- Promover propaganda que beneficie sua organização, suas crenças ou mesmo seu país e sua política
- Tentar influenciar os eleitores ou as crenças das pessoas para mudar a opinião pública
- Tentar conquistar novos eleitores ou seguidores
- Provocar debate, ou mesmo discussão, causando divisão entre partes do público.
A natureza acelerada das notícias no mundo online também significa que os jornalistas podem publicar informações incorretas sem serem capazes de verificar ou conferir tão rigorosamente quanto fariam normalmente.
Notícias falsas nem sempre são criadas por jornalistas ou organizações. Como forma de causar conflito nas mídias sociais, os trolls da internet costumam usar “iscas” para atrair usuários com notícias falsas, com a intenção de provocar raiva, discussão e indignação. Os trolls gostam de causar tensão e irritação, o que torna as notícias falsas uma ferramenta tentadora para eles usarem.
Então, diante de tudo isso, como é possível separar fatos de ficção?
Como identificar notícias falsas: dicas para os pais
1. Certifique-se de que seu filho saiba que existem notícias falsas.
Parece tão simples, mas muitas crianças podem nem perceber que o que leem pode não ser verdade. As crianças tendem a ser mais confiantes e ingênuas do que os adultos, então o primeiro passo é explicar a elas que existem pessoas que mentem on-line.
2. Ensine seu filho a questionar.
Incentive seus filhos a não aceitar o conteúdo sem duvidar. Ensine-os a entender por que, como e o que foi compartilhado com eles e a serem observadores críticos do conteúdo que consomem. Estimule perguntas como:
- Como você encontrou o conteúdo?
- Como foi compartilhado com você?
- Você confia em quem compartilhou?
- Quem criou ou escreveu o conteúdo?
- Quem pode se beneficiar ou ser prejudicado por ele?
- Por que o conteúdo foi criado?
- Alguém está sendo pago por esse conteúdo?
- O que a notícia não está contando?
- Alguma parte da história ficou de fora?
- Você acredita que o que está lendo é verdade?
3. Encontre uma maneira de verificar a fonte da informação.
Se não houver uma fonte confiável, o conteúdo pode ser verídico?
4. Procure o URL ou o nome do site.
- Você reconhece o nome do site?
- O conteúdo publicado no site é de alta qualidade?
- Há erros ortográficos ou gramaticais?
- A linguagem usada é sensacionalista?
- Você consegue encontrar a mesma história em outras fontes mais confiáveis, como um site nacional de notícias públicas?
- O site está sobrecarregado com publicidade?
- O site apresenta muitos artigos com conteúdo enganoso?
5. Bloqueie aplicativos e sites geradores de notícias falsas.
Ferramentas de controle parental, como o Qustodio, podem ajudá-lo a configurar bloqueios em vários dispositivos.
6. Certifique-se de que seu filho verifique várias fontes.
Veja o que outras fontes de notícias têm a dizer sobre o mesmo assunto. Certifique-se de incluir fontes de notícias de outros países ou diferentes pontos de vista políticos.
7. Ajude seu filho a criar o hábito contínuo de “refletir antes de compartilhar”.
Não somos apenas consumidores, mas também colaboradores do ambiente de conteúdo. Se você tiver alguma dúvida de que o conteúdo pode ser falso, enganoso ou nocivo de alguma forma, não o compartilhe.
Se você acredita que seu filho está pronto para as mídias sociais, e para começar a compartilhar conteúdo, certifique-se de definir expectativas e regras claras primeiro. Incentive seus amigos e familiares a pensar criticamente sobre o conteúdo que eles compartilham – e sinta-se à vontade para responsabilizar outras pessoas por compartilhar conteúdo enganoso.
8. Confie no seu instinto.
Se algo parece errado, provavelmente é.
9. Aprendam mais sobre notícias falsas em família.
- Assista a documentários como O Dilema das Redes. Aproveite a oportunidade para discutir em família a influência da tecnologia e da disseminação de conteúdo em nossas tomadas de decisão e na sociedade.
- Explore os extensos recursos sobre notícias falsas da Common Sense Media e da BBC. Conheça também o trabalho de sites brasileiros de averiguação de fatos, como o Fato ou Fake e a Agência Lupa.
- Considere o uso de um aplicativo de notícias como o Ground News, que destacará o viés no conteúdo que você está lendo e apresentará uma alternativa com uma perspectiva diferente.
